terça-feira, 15 de setembro de 2015

AS PORTAS DOS QUARTEIS DE SÃO JOÃO D'ARGA

As portas dos quartéis de São João d’Arga.

Mas primeiro vou contar uma história acerca de uma velha capela, origem medieval quem sabe, cabeça de um ermitério situado num pequeníssimo povoado remanescente da civilização castreja, algures perdido nos montes do Alto Minho. Com o passar dos anos (centenas?) um dos poucos habitantes, tornou-se num dos maiores lavradores da Aldeia. Chamavam-lhe o Rei lá do sítio! O arcaboiço era tal que face à humildade da velha capela em relação ao ouro que reluzia na corrente do relógio pendente do bolso do colete do nosso herói, que este decidiu custear a construção de uma nova capela num local mais airoso e sobranceiro. Isto já em tempos mais recentes.  Mas o novo-riquismo nem é de agora nem tão raro como se imagina. Piedoso e ingénuo de então, tem hoje versões mais parolas e cosmopolitas como veremos! Capela Nova logo: Santo Novo! E lá está! O Santo actual na sua imagem do século dezanove. O original o lavrador o terá guardado em casa. Passam os anos e os herdeiros da casa vendem-na. Os novos donos nas arrumações e nas descobertas, fazem uma. Encontram o santo velho. Figura para a qual o barroco será uma modernice. É evidente que esta Santo vale uma fortuna em relação ao actual.
 Isto vem a propósito das obras levadas recentemente a cabo nos quartéis de São João d’Arga. Havendo dinheiro tudo se faz. O que faz falta e o que não faz.
Telhados novos; sobrado novo. Chão térreo; pavimenta-se. Não tem luz eléctrica; dá-se à luz. Não tem água quente; aquece-se! Escapou o Adro. Continua em terra batida. Pedras dos quartéis lavadas e gateadas;  Portas novas. Claro! A saloiice do novo-riquismo teria que se manifestar fosse como fosse.
Portas novas, mesmo aquelas onde estavam  pintadas os preços do aluguer para passar a noite de 28 par 29 de Agosto, que iam aumentando com o passar do tempo. Até aquela que o Professor Hermano Saraiva mostrou no seu programa Horizontes da Memória no ido Novembro de 1996 fazendo uma referência genial à inflação. 




















Esta fotografia, acima, foi cedida pelo Ernesto Paço em 14 de Setembro de 2017














https://www.youtube.com/watch?
v=TVspneqlVjo&index=6&list=PLNdU5M6bH0DaObvVPiUggX66naCMxT1qn&t=1222s

Estes frames foram retirados do respectivo vídeo de que se insere o link


( Ressalvo aqui a peregrina ideia de Hermano Saraiva ter contado a lenda de Santo Aginha no adro de São João como sendo o local dos acontecimentos que levaram à sua morte. Nem na lenda isso sucede. Perguntem aos das Argas!)



Na fotografia ao lado o Camilo da Venda junto à porta do quartel do costume.


É evidente que quem guardou as portas, ou seus descendentes, guardará uma relíquia sem preço. Cujo valor possivelmente será reconhecida daqui por cem anos mesmo quando as novas portas forem substituídas por um qualquer outro novo-riquismo.



A seguir  é o nosso Canário de sentinela com a respectiva arma. 


Enfim é o desemborbimento como diria o meu amigo Morada. Ou coisas do 25 de Abril como diz o meu amigo Castro. 

Por esta ordem de ideias, quando, no adro de S. João, os milenares sobreiros secarem, serão substituídos por eucaliptos que é uma árvore mais moderna.

Tone do Moleiro Novo